Segunda Lei da Termodinâmica e o Criacionismo
A típica argumentação criacionista
“O universo caminha de níveis organizados para níveis cada vez mais desorganizados”
Dentro do criacionismo esta lei é aceita porque propõe que Deus criou um mundo perfeito, entretanto, o pecado ao se instalar no mundo iniciou um processo de destruição, desorganização das espécies, isto torna o criacionismo aceito dentro da lei da termodinâmica, enquanto o evolocionismo não pode ser aceito porque diz que o universo caminha de níveis desorganizados para níveis organizados.
Dentro do criacionismo esta lei é aceita porque propõe que Deus criou um mundo perfeito, entretanto, o pecado ao se instalar no mundo iniciou um processo de destruição, desorganização das espécies, isto torna o criacionismo aceito dentro da lei da termodinâmica, enquanto o evolocionismo não pode ser aceito porque diz que o universo caminha de níveis desorganizados para níveis organizados.
Histórico
Consta, pelo The TalkOrigins Archive que a idéia errônea de que entropia da termodinâmica seja o mesmo de desordem foi primeiro divulgada por Duane T.Gish, do Institute for Creation Research (Instituto para Pesquisa da Criação).
Tratando a questão inicialmente, e sob Física
Tendo lido no passado inúmeras vezes sobre o “argumento da segunda lei da termodinâmica”, escrevi já há anos um texto, chamado por alguns e por mim de “o postão insuportável”, que é o núcleo do que agora apresento:
A Primeira Lei da Termodinâmica é dada por:(Variação da Energia Interna é Igual A Variação da Quantidade de Calor mais Trabalho Realizado (sobre o Sistema)
Ela é afirmada pela nossa plena confiança na Lei da Conservação da Energia da Mecânica Newtoniana, que diz:
O somatório das Energias de um Sistema é constante. (E com esta muitas vezes confundida.)
Que conjuntamente ao Princípio da Conservação das Massas de Lavoisier, conjuntamente a Teoria Geral da Relatividade, resulta:
Num sistema isolado a energia relativística (massa-energia) total é conservada, quando medida em qualquer sistema inercial dado.
A Segunda Lei da Termodinâmica é descrita por:
É impossível qualquer processo que envolva nada mais do que a transferência de calor de um corpo frio para outro quente. (Enunciado de Clausius).
Ou:
Não é possível qualquer processo no qual ocorra apenas a conversão de energia térmica de um único reservatório em trabalho macroscópico. (Enunciado de Kelvin-Planck)
Ou simples e mas grosseiramente: “Calor sempre passa de um corpo mais quente para outro mais frio.”
Agora entendamos o seguinte: A Primeira Lei é o que chamamos em Ciência de “lei”, de um “princípio universal”, ou seja, jamais foi evidenciado evento ou experimento que a contradiga, nem existe modelo físico-matemático possível apresentado que a contradiga ao menos em teoria, logo, podemos estruturar toda a Física relacionada nela, temos nela “altíssima confiança”. Eu a chamaria de “Popperianamente Absoluta”.
Já a Segunda Lei é uma tendência probabilística, ela expressa uma “certeza estatística” (uma alta tendência para que os resultados, processos, sejam estes) para eventos “multi-partículas”. Não é uma tendência geral da natureza, apenas temos confiança nela para sistemas de grande número de partículas, como a matéria normalmente se apresenta na maioria dos casos na Físico-Química, Engenharia, etc.
Mas trata-se de uma má interpretação até corrente que a segunda lei da termodinâmica indica (ou determina) que a entropia termodinâmica de um sistema jamais decresça. Como dizemos, indica só uma tendência do sistema, em outras palavras, apenas indica que é extremamente improvável que a entropia de um sistema fechado decresça em um instante (ou até período de tempo) dado.
Como a entropia da termodinâmica está relacionada ao número de configurações de mesma energia que um dado sistema pode possuir, os físicos se valem do conceito subjetivo de desordem para facilitar a compreensão da segunda lei (embora entropia da termodinâmica, como vimos, não seja essencialmente desordem). Ou seja, a segunda lei pelo que mostramos, afirma, de maneira muito genérica e grosseira, que a desordem de um sistema isolado só pode crescer ou permanecer igual.
Entendido isso, coloquemos:
Toda a vida na Terra, obedeceu, na sua “Criação” ou “Evolução” como queiram, certamente, a Primeira Lei. O somatório de todos as alimentações, mais todas as excreções, todas as respirações, todas as sínteses de componentes, todo o calor absorvido ou gerado, todas as fossilizações, todos os descendentes, quer evoluam, mutem ou se alterem, na história da terra, independentemente deste período de tempo, é constante (dentro do universo, evidentemente, pois a vida perde energia, juntamente com a Terra e o próprio sistema solar, para o espaço exterior), simplesmente isso!
Quanto a Segunda Lei podemos fazer algumas observações.
Desde o surgimento (não interessa se por “Criação” ou Biopoeise – do grego bio, vida, maispoiéo, produzir, fazer, criar), não interessando evolução. Os seres vivos, que são sistemas multi-moleculares, obrigatoriamente, e antes de tudo, toda grande molécula é multi-atômica, tenderam e tendem à Segunda Lei. Todo o calor absorvido pelos animais foi perdido para o ambiente quando este mais frio e todo o calor gerado por estes também.[2]
Obs.: Temos um problema não com o modelo Criacionista do ponto de vista biológico, mas também geológico, quando do criacionismo de “Terra Jovem”*, quando evidenciamos que o esfriamento das placas tectônicas implica necessariamente num tempo plenamente explicado pela Termodinâmica, num conceito que chamo (e não só eu) de “Inércia Térmica”, que é o conceito por trás do que seja esfriamento, mas esta abordagem é por demais extensa para este primeiro enfoque.*Aquele que afirma que a Terra e o próprio universo tem em torno de 6000 anos.
Novamente no tema desta artigo, tentar usar Termodinâmica para “justificar” o Criacionismo é improfícuo num primeiro momento e desastroso num segundo, como em breve pretendo demonstrar.
Antes, um conselho metafórico aos Criacionistas:
Tentar usar a Termodinâmica para atacar a evolução como fato e a Teoria da Evolução, como modelo que o trata (aquilo que até erroneamente é chamado de “evolucionismo”), pode ser como tentar tirar um cisco do olho com um faca, pode não ter bom resultado…
Consequências da termodinâmica dos criacionistas para a vida (e o mundo)
Nota: Quem ler o texto a seguir, perceberá nitidamente a semelhança de partes do texto com o artigo da Wikipédia em português sobre tal tema, mas não se assustem, pois o texto da Wiki é basicamente, meu.
Tratemos como exemplo que o “fenômeno miraculoso da criação” contraria a segunda lei da termodinâmica com os exemplos cristalinos de que os ursos polares no Ártico, os pinguins e as destacadas focas de Weddell, o animal que vive mais ao extremo sul, nas mais baixas temperaturas da Terra, na Antártica, com seus correspondentes surgimentos miraculosos, com temperaturas corporais altas, com sua complexa organização a partir do “nada” em meio a um ambiente completamente frio.
Uma foca de Weddell, quente em meio ao frio, e gerando sua complexidade,
graças a liberdade que a entropia permite aos seres vivos e a ingestão de gordura,
que nasce como fonte de energia na cadeia alimentar.
Este argumento poderia ser estendido para praticamente todos os animais homeotermos, que em geral, habitam ambientes de temperaturas mais baixas que a temperatura estável de seus corpos.
Igualmente, se como alegam os criacionistas, fosse a 2a lei, não poderia ocorrer a própria vida, pois seria impossível a síntese de proteínas, sua polimerização a partir de aminoácidos (partindo de moléculas “simples”, gerando complexas), a síntese/duplicação do RNA/DNA, a produção de glicose a partir de dióxido de carbono e água, duas moléculas coincidentemente com três átomos que reagindo sob catálise produzem moléculas de 24 átomos e a consequente polimerização da glicose, seja em dextrinas, em amidos ou na longa celulose.
Também seria impossível a organização de células a partir da divisão de um óvulo fecundado, ou mesmo qualquer organização das diversas fases dos embriões.
Desenvolvimento embrionário, gerando ordem a partir de unidades simples, Tags: blogger
April 22, 2017 at 09:59PM
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